Ontem à noite sentei defronte a um boteco. Pedi uma cerveja, uma dose de cachaça e fumei um charuto. Desfrutei tudo no mais completo silêncio. Quase um desespero o meu silêncio, porém vivo, muito vivo. Eis então que um marido esbofeteia a esposa na mesa ao lado. Eu lia um conto de Cortázar (sobre Che). Parei a leitura, pus o livro sobre a mesa e mirei a mulher, que caíra ao chão com o tapa. Nos olhamos. Quanto durou? Um segundo, dois, talvez? Não sei, mas o suficiente para ver no seu desespero o silêncio da morte.
Voltei à minha leitura.
Voltei à minha leitura.
P.S: e ela voltou aos braços da marido. Quando fui embora, às duas da manhã, os dois beijavam-se apaixonadamente.
Um comentário:
Tem João que ainda mata essa leitora de curiosidade...às vezes de raiva, mas deixa a raiva ir pro pulmão e fiquemos com o amor que vale muito mais a pena. Gostei da foto. Sorriso gostoso =].
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