Sentou-se à mesa diante de uma folha em branco, disposto a escrever. Mirou a grande janela que dá para a cozinha e tentou lembrar do último momento no qual teve certeza de estar feliz. Sim, ele lembrou de um instante. Porém, já se iam alguns anos e ele percebeu que em sua memória não somente os fatos se esvaiam, mas também a própria sensação de estar feliz.
Talvez chegue um dia onde ele não se lembre mais do que é estar feliz. Nesse momento, o branco da folha se tornará a noite sem volta do esquecimento.
Eu me recuso a esquecer.
Talvez chegue um dia onde ele não se lembre mais do que é estar feliz. Nesse momento, o branco da folha se tornará a noite sem volta do esquecimento.
Eu me recuso a esquecer.
5 comentários:
Definir a felicidade é tentar conter o vento nas mãos, o tempo não volta mais! O desafio consiste em continuar vivendo, mesmo na dor buscando todo dia novas formas de felicidade. Nas pequenas coisas.
Sábados ensolarados com cheiro de café e sabor adocicado na boca fazem longos mistérios de solidão e folhas em branco parecerem um ponto no infinito. O ponto cego q sempre está lá, mas que some na paisagem colorida, no barulho das gentes e na preciosa companhia do banco da praça. A beleza tá no olho de quem olha. Descobri que to olhando.
Na ausência é preferível não sabê-la. Afundar-se na casca podre das laranjas apodrecidas. Sugar sem nojo até cheirar o alvéolo doce. E envovê-lo nas mãos como um filho. E quando a fina membrana, cansada, se romper: o gosto explodindo na boca, um crescente, tudo colorindo, arrepios. Ela solta as mãos e vai.
A língua envelhece. Não saber da felicidade faz confundir alvéolos podres com aqueles de que talvez gostasse e se deliciar mais vezes. Sem julgamentos, sem comparações.
Oi!
Mudanças...
beijo
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