domingo, maio 11, 2008

Corolário para Umberto Eco

escrito após o post anterior.

Sentou-se à mesa diante de uma folha em branco, disposto a escrever. Mirou a grande janela que dá para a cozinha e tentou lembrar do último momento no qual teve certeza de estar feliz. Sim, ele lembrou de um instante. Porém, já se iam alguns anos e ele percebeu que em sua memória não somente os fatos se esvaiam, mas também a própria sensação de estar feliz.

Talvez chegue um dia onde ele não se lembre mais do que é estar feliz. Nesse momento, o branco da folha se tornará a noite sem volta do esquecimento.

Eu me recuso a esquecer.


5 comentários:

Anônimo disse...

Definir a felicidade é tentar conter o vento nas mãos, o tempo não volta mais! O desafio consiste em continuar vivendo, mesmo na dor buscando todo dia novas formas de felicidade. Nas pequenas coisas.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Sábados ensolarados com cheiro de café e sabor adocicado na boca fazem longos mistérios de solidão e folhas em branco parecerem um ponto no infinito. O ponto cego q sempre está lá, mas que some na paisagem colorida, no barulho das gentes e na preciosa companhia do banco da praça. A beleza tá no olho de quem olha. Descobri que to olhando.

Carol Damião disse...

Na ausência é preferível não sabê-la. Afundar-se na casca podre das laranjas apodrecidas. Sugar sem nojo até cheirar o alvéolo doce. E envovê-lo nas mãos como um filho. E quando a fina membrana, cansada, se romper: o gosto explodindo na boca, um crescente, tudo colorindo, arrepios. Ela solta as mãos e vai.

A língua envelhece. Não saber da felicidade faz confundir alvéolos podres com aqueles de que talvez gostasse e se deliciar mais vezes. Sem julgamentos, sem comparações.

Anônimo disse...

Oi!
Mudanças...
beijo