I
O ato da conversação exige, antes de tudo, entrega. E o entregar-se à conversa é um deslizar-se entre dois pontos: dentro e fora de si. Isto é para poucos. Portanto, poucos são aqueles que conversam.
II
O ato da conversação exige delicadeza dos gestos e gentileza das intenções.
III
O ato da conversação exige sentido de espaço e tempo. Há lugares e horas para a conversação.
IV
O ato da conversação é, talvez, a forma mais sutil de relação entre duas pessoas. Exige cuidado e exercício constantes.
V
O ato da conversação é uma invenção de pessoas do interior para o domingo à tarde. Pequenas cidades do interior de Minas ou de São Paulo comprovam isto.
VI
O ato da conversação é vedado a certas profissões. Por exemplo: a músicos, porque não sabem ouvir, ou a jornalistas, porque falam do que nunca ouviram
VII
O ato da conversação também pode ser praticado solitariamente. Neste caso, por favor: não pertube.
Um comentário:
a conversação é algo tão sutil, que se trocarmos duas letrinhas...
conservação, escusado dizer, não é entrega
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