quarta-feira, abril 14, 2010

Balada


As 3 mulheres do sabonete Araxá me invocam, me bouleversam...

Manuel Bandeira


Ainda hoje penso em Violeta. Tinha olhos verdes. Mistério profundo. Pensava eu: “de quem serão os olhos verdes de Violeta?”. Queria para mim, apenas para mim. Mas como? Eu? Quem era eu para os olhos verdes de Violeta? Não. Nada era. Por isso o mistério. Profundo. Quem seria? Um príncipe? Um algoz? Um estafeta? Um engenheiro de exatos pensamentos e seguro sexo? Um poeta louco e barroco, desses de estudantes sonhos? Talvez nenhum deles. Talvez apenas um homem que a olhasse nos olhos, verdes, sem medo. Era difícil não ter medo de Violeta.

Ainda hoje penso em Violeta e meu corpo se punge. Penso em sexo, gozos e gosmas, salivas. Penso. Meu corpo pensa. Violeta. Todos os poros. Os olhos verdes nus. Violeta do sabonete Araxá. Meu reino por Violeta! Violeta de onze anos. De trinta. Pelancas de setenta. Perverso? Talvez. Ainda hoje penso em Violeta.

Onde estará agora neste exato momento onde dou a volta de minha solidão e meus delírios? Com uma prima carioca, beijando na Cólquida ou amando no Leblon? Ou será uma beata numa igreja evangélica numa cidade perdida do Paraná? Talvez uma moça simples? Daquelas que trabalham numa confecção e que, às nove da noite, se abrem em ponto para um marido que usa boné e cursa contabilidade numa faculdade privada? Onde estará Violeta que outrora imaginei de olhos envoltos de livros e um tanto de rímel? Violeta do livro de Ana Cristina. Violeta existencialista. Violeta de boina. Violeta puta.

Houve Violeta? Não sei. Talvez tenha sido apenas mais um desses meus delírios inventados quando a minha solidão marca meia-noite e meia.

Ainda hoje, bouleversé, pensarei em Violeta novamente.

3 comentários:

Laize disse...

O amor é feito de delírios...

Anônimo disse...

Quantos desejos querido poeta.

Anônimo disse...

Quantos desejos querido poeta.