O amor começa tarde
Drummond
Pois o amor tem disto: feito de caminhos que se bifurcam, de jardins suspensos que se tornam cada vez mais misteriosos à medida que nele adentramos. Tem disto o amor: perguntas que jamais que serão respondidas e melodias intermináveis feitos de riso e lágrima. Ou ainda: é feito de encontros fortuitos que, acaso não se olhe com a devida atenção, parecem meros acasos. Mas jamais o são.
Meu bem, não se iluda. Nada é fortuito neste dia de sol.
Porém há uma beleza superior nisto: capaz de conformar danças, modular gestos, o amor nunca aparece por inteiro. Está ali, espreitando. Tem disso o amor: mesmo que ele não se consuma, ele está ali, possível e inexplicável. Indecifrável como uma palavra não pronunciada, mas que se traduz em doces risadas e um pote de sorvete.
7 comentários:
Eu sou mais o pote de sorvete! heheheheheheh
Gosto do PESSOA, quando falou de amor...
"Nunca amamos alguém. Amamos, tão-somente, a idéia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é nós mesmos- que amamos.
[...] Dizem os dois 'amo-te' ou pensam-no e sentem-no por troca, e cada uma quer dizer uma idéia diferente, uma vida diferente, até, porventura, uma cor ou um aroma diferente, na soma abstrata de impressões que constitui a atividade da alma."
Seu senhor Allan,
Tô procurando apê aí pelas ruas da tua casa. Se souber de algo, me avise por favor.
No mais, ótimo texto.
Abraço
Me lembrei após ler esse texto por que gosto tanto de você. Ois é querido de tão simples que seja a ser complexo hihihihihi .Alan tsc..tsc..descontraido ,entusiamado,sensivél e doce....bons textos bons momentos .Me lembrei ...claro é inspirador! Vivo! beijos Jé;
Adorei.
Sorvete sempre é bom. ;)
Esses textos só contribuem para a ilusão de que o amor pode conter poesia...mas não Allan, poesia quando bem feita dói de tanta beleza. O amor não é poético, é vida real, dói de tanta realidade. Como não sou fã de sorvete, continuo esperando...
A Mulher I
Um ente de paixao e sacrificio,
De sofrimento cheio, eis a mulher!
Esmaga o coracao dentro do peito,
E nem te doas coracao, sequer!
Se^ forte, corajoso, nao fraquejes
Na luta; se^ em Venus sempre Marte;
Sempre o mundo e' vil e infame e os homens
Se te sentem gemer hao-de pisar-te!
Se as vezes tu fraquejas, pobrezinho,
Essa brancura ideal de puro arminho
Eles deixam pra sempre maculada;
E gritam entao os vis:"Olhem, vejam
E' aquela a infame!" e apedrejam
A pobrezinha, a triste, a desgracada!
Florbela Espanca
quase soltou um suspiro de amante de amar, acho que no dundo é isso: gostamos amar o sentimento do amor.. o resto chupa-se como sorvete na esquina. A propósito gostei do blog, de verdade.
Postar um comentário